sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Se mandar cercar e jogar uma lona, vira circo.

Uma hora da manhã. O Forró Peba na Pimenta chega ao segundo local de apresentação da noite. O Fuzuê da madrugada estava apenas começando no último andar daquele prédio "meia-boca", e as surpresas também.

Bairro do Alecrim. O inferno de Natal eu garanto que é ali! Ponha-se a andar - ou tentar! - nos horários mais "convenientes" para tal atividade (Coisa perto das onze ou meio-dia...) e você verá que tenho razão. Vendedores gritam no teu ouvido e, achando pouco, ainda usam um alto-falante vagabundo pra te intimar a entrar na porra de uma loja que arde de calor e é intransitável de tanta gente.

Naquela hora que cheguei ao local e vi o Alecrim vazio feito festa onde o dono leva "manga" (prejuízo), entregue aos mendigos da noite (E ao pessoal da Vogue!) não pude conceber, coisa inimaginável mesmo.

Na recepção do local, um toldo em forma de rola com o nome grafado na cor verde e em letras garrafais já dá a sensação que a putaria começa ali. O segurança gordo de "blaser" (Se é assim que se escreve esta porra...) preto e posando de boa pinta, estabanado estava na cadeira, estabanado ficou; só olhando o papai aqui se fuder na retirada do material musical de dentro do transporte. Estávamos apenas pra começar.

Coincidentemente chamamos (Nós, do Forró Peba na Pimenta) a sanfona e seu case de "Pau-no-Furico" de tão pesada que é. Ninguém queria levar "Pau-no-Furico" naquela noite. Talvez pelo medo incessante de um ataque homossexual repentino ou coisa parecida, e o "Pau-no-Furico" tornar-se algo concreto. Sem medo do inferno, eu e o sanfoneiro seguramos a barra sozinhos.

Colegas, subir três andares, de costas, com drags, lésbicas loucas ativas e passivas doidas pra enfiar-te um maranhão no frinfa e viadinhos ouriçados por um cacete viril subindo e descendo escadas enquanto passávamos, foi foda! Não há sensação mais estranha e constrangedora. Passar por corredores repletos de machos se esfregando e trocando beijos não é nada bom, me senti destoando de todo ambiente. Na verdade destoávamos mesmo, pois os únicos heteros do local (Pelo menos assim penso, fazendo uma ressalva quanto à masculinidade do nosso vocalista) éramos nós e uns gatos pingados que se encontravam fazendo a segurança.

No palco, cantadas eram inevitáveis. Eu que não sou menino, tratei de arrumar um aleijo na perna e um figurino bem mambembe. Deu certo! A bicharada toda se derretia pelo "Galeguinho do Acordeon" enquanto eu fazia o meu trabalho de serviçal dos palcos, uma beleza!

No ambiente principal o Forró Peba na Pimenta agitava loucas "amancebadas", menos carentes e cheias de amor pra compartilhar com seus parceiros. No ambiente secundário, as meninas e meninos carentes se deleitavam com o streap de drags, que tem pau como eu e você (Caso seja um homem fazendo a leitura...), mas enganam muita gente depois de umas doses de álcool, revelando a “buceta-de-pau” quando o camarada já se encontra com os "zoinho" virados e cheio de amor pra doar àquela criatura da noite.

No Alecrim é assim. Se de dia a loucura é generalizada e te açoitam com gritos e convites irritantes para adentrar naquela loja vagabunda de importados, à noite eles são prazeirosos (Pra quem curte!) e os açoites são regados a muito chicotinho e palavras de ordem irrefutáveis. Parafraseando Elino Julião (Que de bicha não tinha nada e tratou de fazer uns 10 filhos pra provar), me lembrei de um trecho de “Mulher de Verdade” que diz mais ou menos assim: "Bata, nêgo, pode bater, bata com força que eu não sinto doer!"

“Aí dentu” ! Porque aqui só sai...

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