sábado, 2 de maio de 2009

Devaneios. Devaneios?


O que serei no futuro? Aquilo que quero ser, ou o que estou fadado a ser? Perguntas, perguntas, perguntas... Tão introspectivas quanto os sentimentos mais obscuros do ser humano. Busco respostas a cada minuto, cada hora, a cada dia passado na minha vida. E se os dias que vivi não forem suficientes, quem serei? Serei o que sou, eu acho.

A manutenção da fé é essência, a realização no plano material é o pilar. Fazer por onde. Por onde? Onde encontrar brechas num mundo viciado na prostituição, seja ela econômica, social, ética, moral, humana ou de qualquer outra natureza? Eu penso em desistir, penso em lutar, penso em viver e morrer, tudo ao mesmo tempo, sentindo cada sensação. Gostaria de entender o prazer dos sádicos, dos corruptos, dos perversos, dos imundos vários, sugar-lhes todo o mau e depois mandar a todos para a puta que os pariu, sem piedade ou sentimentos, coisas costumeiras às suas personalidades cretinas. Inocular-lhes o próprio veneno parece ser justo, parece!

Outro dia eu também errei, tornei-me algoz do próprio eu. E já que de mim sou senhor, inoculei o veneno mencionado sem piedade. A dor é insuportável, as feridas são para sempre, mas a lição – no meu caso. - é aprendida. Incorrer no erro é burrice dupla; morrerás pela desfiguração da essência do ser, morrerás pela segunda golada de veneno. Torça para que seja cicuta (tomando como premissa o tipo de veneno associando-o ao encontro), pois aí certamente “baterias” um papo-cabeça com algum filósofo grego, tipo Sócrates. Quem sabe...

sábado, 18 de abril de 2009

Encontros necessários à compreensão do mundo


Certa vez, ainda calouro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, caminhava juntamente com colegas de classe pelos corredores do famigerado “setor V”. Naquela manhã, nuvens esparsas e um céu azul clarinho tomavam conta dos meus olhos. Os pés de azeitona, roxas e adocicadas ao alcance das mãos, balançavam vagarosamente como que ainda acordassem do breu da noite que se passou.

No meio de uma conversa informal, levantei a vista. Os olhos, antes atentados pelas cores vivas do dia, agora esmoreciam por confrontar-se com aquela figura que aparecera repentinamente. Rugas, pele morena, cabelos grisalhos, uma baixa estatura. Demonstrava cansaço pela idade, mas mesmo assim carregava pesadas sacolas à mão e estava ali, lutando sozinha àquela hora da manhã.

Senti-me tocado sem ao menos trocarmos olhares ou palavras. A distância entre os meus passos e os seus foi diminuindo. Vinha, agora, em minha direção. Olhou-me como se os outros não estivessem ali e falou mais ou menos assim:

- Filho. Já tenho certa idade, mas tenho que pedir. Bato de porta em porta por aqui, pedindo e me humilhando. Alguns professores autorizam que os alunos ajudem, outros não. Você poderia me ajudar?

A minha voz não quis mais sair, os olhos encheram-se de lágrimas, o coração se esvairia numa mistura de ódio e compaixão. Ódio pela desigualdade ali exposta, compaixão pela figura humana. Segurei as lágrimas e respondi com dificuldades que não tinha como ajudá-la naquele momento, pois não possuía absolutamente nada de valor. Olhou-me, agradeceu, seguiu o seu caminho.

Segurei o choro até ela sair da minha vista, após isso não resisti. Chorei sozinho por uns cinco minutos sem ao menos saber o porquê, mas chorei feito criança. Talvez pelo sentimento de incapacidade, talvez pela exclusão que nós mesmos proporcionamos. Nunca esquecerei daquele breve encontro, eu só tinha dezessete anos.

sábado, 21 de março de 2009

Introdução dolorosa à Semiótica


As aulas de Semiótica, ministradas na Universidade Federal do Rio Grande do Norte pela professora Drª. Maria Érica, são um emaranhado de reflexões acerca dos signos e suas variantes. No momento, faço um fichamento sobre o livro O que é Semiótica?, da autora Lúcia Santaella. O assunto parece ser fácil, mas ao adentrar e tentar imaginar as idéias dos estudiosos do tema, tenho tido alguma dificuldade quanto à compreensão.

Acerca dos signos, Santaella fala que:

“O signo é uma coisa que representa uma outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como signo se carregar esse poder de representar, substituir uma outra coisa diferente dele. Ora, o signo não é o objeto. Ele apenas está no lugar do objeto.”

O signo, segundo a autora, só é signo por ter o “poder” de representar uma outra coisa. Os signos do objeto que convencionamos chamar de carro, por exemplo, podem ser vários: a sua pintura é um signo, suas rodas aro 17’ são também. Seu motor total flex é um signo, assim como sua bancada personalizada é outro.

A concepção desses signos é dada através de um interpretante (nós) – e aí já poderíamos entrar no conceito de primeiridade, secundidade e terceiridade, mas deixemos pra depois pra não enlouquecermos juntos... Mais uma vez, somos direcionados a outra categoria de pensamento, na qual surge o chamado quase-signo, pois é a partir dessa interpretação primeira que associamos o objeto em questão indiretamente a outras coisas, ou seja, o quase-signo.

Se você não entendeu nada, não se preocupe, é assim mesmo.